quinta-feira, agosto 06, 2020

Humberto se posiciona. PSB se prepara para pedir cargos do PT

Por Renata Bezerra de Melo

Diante da decisão final do PT de manter a pré-candidatura da deputada federal Marília Arraes à Prefeitura do Recife, reafirmada pela direção nacional da sigla na última sexta-feira, o clima no PSB mudou: tudo indica, agora, que o partido vai solicitar a entrega de cargos nas gestões socialistas. O PT comanda, hoje, a Secretaria de Desenvolvimento Agrário na administração Paulo Câmara, além de ocupar espaços no IPA e no Iterpe, além de estar à frente da pasta de Saneamento na administração Geraldo Julio. Até pouco tempo, socialistas apostavam em manter a cota do PT intacta, mas, após a reunião da última segunda-feira entre as cúpulas das duas siglas, regada a duro recado do PSB ao PT, como a coluna cantou a pedra, o ambiente azedou. Ontem, o senador Humberto Costa rompeu o silêncio que vinha mantendo desde a reunião da direção nacional do PT na sexta, como contamos em primeira mão, na CBN, ontem. "Vamos cumprir a resolução da nacional. Tínhamos posição de defender a unidade de esquerda, do campo popular. Achamos que era o melhor caminho, inclusive para trabalhar 2022, mas essa posição foi derrotada". Humberto cuidou de realçar, no entanto, o seguinte: "A campanha não é contra o PSB!". O petista afirmou isso levando em conta uma definição da Executiva Nacional que traçou uma mesma linha de atuação no pleito para todo Brasil. Isso inclui quatro pontos: um deles é o resgate do legado do PT nacional. Outro "é a denúncia do desmonte praticado pelo governo Jair Bolsonaro, do aumento da desigualdade", enumera Humberto, reforçando que a estratégia deve ser "a disputa política com o governo Bolsonaro". Na sequência, lista a necessidade da defesa do ex-presidente Lula e do legado do PT local, que esteve à frente de administrações na Capital. Após Humberto externar posição, uma fonte palaciana, indagada pela coluna se os cargos do PT seriam mantidos na gestão, devolveu: "Não tem como!". A tendência, agora, é o PSB levar a entrega de cargos à mesa, o que pode configurar o day after da decisão do PT de ter candidatura no Recife.

Promessa é dívida
A despeito da tendência vigente do Palácio das Princesas de pedir os cargos do PT, a posição do senador Humberto Costa é vista por socialistas como "séria e correta". A informação de que o PT não baterá no PSB foi dirigida pela cúpula petista à socialista. É vista, então, como uma orientação da Executiva Nacional. "Se Marília vai cumprir ou não, é opção dela. Mas, diferente de Humberto, vai desrespeitar a Executiva Nacional", pondera um representante do PSB.

PDT X PT > Em 2018, o PDT não entregou os cargos. Uma fonte palaciana diz que o contexto era outro: "O PDT não lançou candidato, apenas teve que apoiar formalmente (Maurício) Rands".

Investe em mim! > Não há expectativa de que o PSB peça os cargos do PDT, porque, embora a sigla tenha a pré-candidatura de Túlio Gadêlha no páreo, o PSB aposta que tanto PDT como PP, que já ventilou candidatura própria, "vão chegar num acordo".

Tenha calma! > Humberto Costa diz que tem posição formada sobre a entrega de cargos, mas diz preferir não se precipitar. 

Aval > Humberto sublinha ainda que a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, declarou "que não ia ter baixaria, esse tipo de coisa".

Sub judice > Em reunião da Executiva do PDT com as bancadas da Câmara e do Senado, ficou decidido que a candidatura de Túlio Gadêlha será avaliada no final do mês com base em pesquisa, a ser encomendada pelo PDT para definir a viabilidade do projeto.

Oscar: "Militância do PT não vai se submeter a uma posição que vem de cima para baixo."

Por Blog da Folha


Enquanto o diretório estadual e municipal do PT recuaram e seguiram a posição da direção nacional de apoiar a pré-candidatura de Marília Arraes (PT) à Prefeitura do Recife, o secretário de Saneamento da cidade e membro do diretório nacional do PT, Oscar Barreto, alerta que a posição da militância da sigla poderá ser distinta nas ruas durante a campanha.

"Eu acho que a militância do PT não vai se submeter a uma posição que vem de cima para baixo. E é natural isso porque a militância do PT é muito aguerrida, muito crítica e livre", avaliou Oscar. O dirigente, que votou a favor da aliança com o PSB e contra a candidatura própria da sigla, critica a divisão da esquerda nas eleições das capitais do País e avalia que a centralização das decisões no núcleo nacional é ruim. 

"O diretório municipal vai encaminhar a decisão da direção nacional, mas os militantes tem a liberdade de ter a sua opinião. As pessoas antes de serem militantes, são cidadãs. E o valor da democracia partidária é muito cara ao PT", avaliou.

"Caras de Pau, só se for".

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